quarta-feira, 2 de setembro de 2015

O outro lado da moeda

Chega uma certa idade que parte das mulheres começa a despertar o desejo de ser mãe. A maternidade aflora e quando você trabalha exatamente com mães que amamentam, bebês que crescem lindos e saudáveis porque estão mamando exclusivamente, o desejo de alimentar sua própria cria aumenta mais ainda.
Ora, se ela trabalha com amamentação, é lógico que vai tirar de letra!
Isso é o que quase todos a sua volta imaginam, mas na verdade não é bem assim. Dominar a técnica em sua teoria não garante que no momento da prática não surgirão dúvidas.
A história de hoje é da amiga Yêda Lúcia, mãe de primeira viagem da princesa Maria Valentina.
Mesmo sendo Enfermeira pós graduada, com experiência profissional em Pediatria há 18 anos, Yêda teve dificuldades como toda mulher tem para amamentar, algo que deve ser encarado com naturalidade, pois amamentar requer prática e orientação correta. Nenhuma mulher vem com o botão mágico, que basta acionar para o processo de amamentação fluir corretamente (seria até bom...rs).
Nossa personagem conta que aos 37 anos recebeu o melhor presente que uma mulher pode receber, engravidou. Desde a gestação Yêda teve alguns "probleminhas", o primeiro foi a opção pelo parto normal, interpretada de forma negativa por várias pessoas, como se fosse um crime.
Por questões fisiológicas não foi possível realizar o tipo de parto planejado inicialmente, recorreu-se então ao procedimento cirúrgico, a cesariana.
Maria Valentina nasceu bem, pesando 2.710g. "Nas primeiras 24h tive apoio profissional na amamentação, eu me achando a super mãe amamentando, mas estava tudo errado, pega, postura. Graças as orientações que recebi, foi possível contornar futuros problemas e também me senti mais segura", comenta.



Dois dias após o parto mãe e bebê tiveram alta hospitalar e foram para casa, veio então o choque de realidade, pois a partir daquele momento seriam só elas duas. "Nesse momento surgiram as dúvidas, inseguranças, medos (muitos medos), choro, (muito choro)", relembra esse momento com um belo sorriso.
As cobranças partiam de todos os lados, ela nada sabia, nada lembrava, mas tinha experiência em Pediatria, foi então que começaram a pressioná-la. Yêda recorda que mesmo sendo experiente, aquele momento era diferente, ali ela não era "a Enfermeira", mas sim a Mãe e ser mãe é algo que se aprende todos os dias, mãe também erra e tem medo de que isso aconteça. "Eu não sabia nem dar banho na banheira, tinha medo, o choro dela era assustador, pois eu não sabia identificar o que Valentina sentia, mas todos exigiam que eu soubesse. Tinha medo até de perguntar, tirar dúvidas, pois era julgada e repreendida, ouvia sempre a célebre frase: não acredito, você não é enfermeira?"
E o que ela queria era simples. Queria o direito de poder chorar, mostrar sua fragilidade, ter dúvidas (sim, por que não?), errar, aprender com os erros e acertar depois. Ela queria ser mãe e não enfermeira. "Permita-me ser mãe, não retire esse meu direito de aprender errando. Me ajudem, me instruam, solucionem meu problema. Mas por favor, deixem eu viver minha maternidade", recorda.
Hoje essa dupla tira de letra a amamentação e Yêda é doadora de leite materno, história que contaremos em nossa próxima postagem!

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